Cientistas descobriram mais de 1.700 vírus antigos, anteriormente desconhecidos, nas profundezas da Geleira Guliya, localizada no Planalto Tibetano, a oeste da China. Os vírus, que foram preservados por aproximadamente 41 mil anos, representam uma notável janela para o passado, oferecendo informações valiosas sobre as condições climáticas e biológicas de épocas passadas.
De acordo com o jornal britânico Daily Mail, embora esses micróbios nunca tenham sido observados antes, eles não representam qualquer ameaça à saúde humana, animal ou vegetal. Os pesquisadores ressaltam que esses vírus são capazes de infectar apenas arqueas e bactérias, organismos unicelulares, e, portanto, não podem causar doenças em humanos.
A descoberta desses vírus foi feita a partir de um núcleo de gelo com 300 metros de comprimento, extraído da geleira. O gelo preservou os patógenos durante três grandes transições climáticas, de períodos frios para quentes. A equipe de pesquisadores, liderada pela Universidade Estadual de Ohio, utilizou a análise metagenômica para identificar cada uma das cepas virais encontradas.
No entanto, essa descoberta também chama a atenção para os possíveis riscos associados ao derretimento das geleiras devido ao aquecimento global. Com o derretimento do gelo, há a preocupação de que patógenos antigos e desconhecidos possam ser liberados, trazendo desafios inesperados para a ciência e a saúde pública.
Essa preocupação foi intensificada recentemente após o rapper e ator Chris “Ludacris” Bridges publicar um vídeo nas redes sociais onde aparece bebendo água derretida de uma geleira no Alasca. O vídeo rapidamente viralizou, acumulando milhões de visualizações, e levantou questões sobre os riscos potenciais de consumir água não tratada de fontes naturais tão antigas.
Casos anteriores de liberação de patógenos por derretimento do gelo foram documentados, como em 2016, quando esporos de antraz, liberados de uma carcaça de animal congelada na Sibéria, resultaram em dezenas de hospitalizações e a morte de uma criança. Contudo, os pesquisadores asseguram que os vírus recentemente descobertos na Geleira Guliya não apresentam tais riscos.
A descoberta sublinha a importância de continuar monitorando as mudanças nas regiões congeladas do planeta, tanto para entender mais sobre o passado quanto para antecipar possíveis ameaças futuras à medida que o clima continua a mudar.