Javier Milei, o presidente eleito da Argentina, reiterou hoje sua perspectiva de manter a inflação alta nos primeiros 18 a 24 meses de seu governo. Em uma entrevista à rádio Neura Media, ele anunciou um “choque” na economia visando o equilíbrio fiscal, destacando que os ônus desse ajuste serão suportados pela “casta”, termo que ele utiliza para referir-se a políticos e grupos empresariais argentinos.
Durante a entrevista, Milei afirmou sua intenção de interromper a maioria das obras públicas em andamento devido à escassez de recursos. Além disso, ele planeja lançar novas licitações para algumas obras em curso, buscando aumentar a participação do setor privado na infraestrutura do país.
Os primeiros meses de seu governo serão, nas palavras do presidente eleito, “duros”, com ajustes necessários para desativar as “bombas” deixadas pela administração anterior, especialmente criticando a condução da economia no governo de Alberto Fernández. Milei atribuiu a alta da inflação à emissão de moeda realizada pela gestão atual.
Em relação aos impactos das medidas, Milei destacou: “É a primeira vez que quem promete ajustes vence. As pessoas de bem não serão afetadas; os custos recairão sobre os políticos, a casta, os empresários, a mídia corrupta e os profissionais ligados à política”. Questionado sobre a possível reação da sociedade a medidas mais rigorosas, Milei afirmou que não será “extorquido” e utilizará todo o aparato de segurança para garantir o “respeito à lei”.
Desde sua eleição no domingo (19/11), Milei tem divulgado uma série de propostas para enfrentar a crise na Argentina, incluindo a dolarização da economia e o fechamento do Banco Central da República Argentina.