Nesta quinta-feira, 28, o dólar atingiu um marco inédito ao ultrapassar R$ 6,00, alcançando a cotação de R$ 6,009 às 11h20. A valorização ocorreu após a equipe econômica do governo Lula detalhar um pacote de cortes de gastos e medidas fiscais. Apesar de um pequeno recuo para o patamar de R$ 5,90 no decorrer do dia, a moeda americana registrou sua maior cotação histórica, superando o fechamento anterior de R$ 5,91.
A disparada reflete a dificuldade do governo em transmitir confiança ao mercado. Sob a liderança do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, a equipe econômica prometeu reduzir gastos em R$ 327 bilhões até 2030. Contudo, o anúncio foi ofuscado por propostas de ampliação da isenção do Imposto de Renda para contribuintes que ganham até R$ 5 mil, uma promessa feita por Lula durante a campanha eleitoral de 2022.
Haddad atribuiu a alta da moeda a um “ruído” nas discussões sobre renda, afirmando que o debate não será resolvido em apenas três semanas. No entanto, analistas apontam que a origem da desconfiança vem das próprias sinalizações contraditórias do governo.
Proposta fiscal ou eleitoral?
Enquanto o corte de gastos era apresentado como a solução para equilibrar as contas públicas, a promessa de isenção fiscal gerou dúvidas sobre a sustentabilidade do plano. A postura defensiva dos ministros durante a coletiva de imprensa, que contou com Simone Tebet, Alexandre Padilha, Esther Dweck, Paulo Pimenta e Rui Costa, evidenciou a pressão enfrentada pela equipe econômica.
A combinação de anúncios conflitantes trouxe incertezas ao mercado, reforçando a percepção de que o governo enfrenta dificuldades para alinhar responsabilidade fiscal com compromissos políticos. O episódio ressalta o desafio do governo Lula em recuperar credibilidade diante de investidores e economistas.