Um relatório apoiado pela ONU divulgado na segunda-feira (18) alertou para a iminência da fome no norte de Gaza, onde 70% da população enfrenta níveis catastróficos de insegurança alimentar, enquanto o principal diplomata da União Europeia acusa Israel de empregar “a fome como arma de guerra”.
A situação é crítica para os 2,2 milhões de habitantes de Gaza, com metade da população à beira da fome e a previsão de que a escassez de alimentos atingirá o norte do território “a qualquer momento entre meados de março e maio de 2024”, conforme a Classificação Integrada de Fases de Segurança Alimentar (IPC).
Segundo o relatório, a fome aguda e a desnutrição já ultrapassaram os limites críticos no norte de Gaza, prevendo uma rápida escalada na mortalidade e na desnutrição.
O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, descreveu a situação como o “maior número de pessoas enfrentando fome catastrófica já registrado”, com pelo menos 25 mortes, incluindo crianças e bebês, por fome e desidratação no norte, de acordo com o Ministério da Saúde de Gaza.
Os relatos de sobrevivência são angustiantes, com pessoas se alimentando de lixo, grama, ração animal e água contaminada. Mães famintas lutam para amamentar seus bebês, enquanto os pais imploram por fórmula infantil em unidades de saúde sobrecarregadas.
A crise é considerada “inteiramente provocada pelo homem” e “evitável”, atribuída ao bloqueio da ajuda humanitária por parte de Israel e à destruição generalizada de Gaza.
O relatório enfatiza que a disseminação da fome continuará a menos que haja uma “cessação imediata das hostilidades” e acesso total à ajuda humanitária.
Cindy McCain, diretora-executiva do Programa Alimentar Mundial (WFP), destacou a urgência da situação, alertando que milhares poderão morrer se não houver acesso imediato e total ao norte de Gaza.
Enquanto isso, o principal diplomata da União Europeia, Josep Borrell, acusou Israel de usar a fome como arma de guerra, denunciando o bloqueio de ajuda humanitária que poderia salvar vidas.
A entrega de ajuda por via terrestre foi impedida por Israel, resultando na necessidade de operações de entrega por via marítima e aérea, que ainda não conseguiram satisfazer as necessidades básicas da população faminta.
Um cessar-fogo é urgentemente necessário para permitir que agências humanitárias, como o PMA, conduzam operações de socorro massivas e alcancem todas as comunidades necessitadas.