O Tribunal de Justiça do Amazonas (Tjam) tomou a decisão de adiar para 2024 o aguardado julgamento de nove policiais militares acusados de matar três jovens em outubro de 2016 no bairro Grande Vitória, Zona Leste de Manaus. O julgamento, que havia despertado grande atenção devido à magnitude do caso, estava programado para começar na manhã desta segunda-feira, 6 de novembro.
O adiamento estabeleceu a nova data do julgamento para 29 de janeiro de 2024.
O Ministério Público do Estado do Amazonas (MPE-AM) solicitou o adiamento do júri popular, alegando que o promotor encarregado do caso enfrenta problemas de saúde relacionados a um membro de sua família. Além disso, a advogada de defesa de um dos réus também solicitou o adiamento, informando que o seu cliente encontra-se hospitalizado devido a suspeita de meningite.
O trágico ‘Caso Grande Vitória’ envolve o desaparecimento de Alex Júlio Roque de Melo, 25 anos, Ewerton Marinho, 20, e Rita de Cássia, 19, que sumiram em 29 de outubro de 2016, após uma abordagem por parte de policiais militares no bairro Grande Vitória, quando retornavam de uma festa.
As câmeras de vigilância da região registraram o momento em que os policiais ordenaram que os jovens entrassem no veículo da polícia. Desde então, os três jovens jamais foram vistos novamente.
Em um relato angustiante, foi revelado que a jovem Rita de Cássia voltava de uma festa no São José de carona com os dois jovens desaparecidos. Weverton, que pilotava a moto no momento da abordagem, estava desempregado e havia adquirido o veículo com seu FGTS. Sua esposa, Andresa Andrade, de 19 anos, relatou que ele ocasionalmente fazia corridas e que naquela noite deu carona aos dois amigos.
O dia do desaparecimento gerou uma manifestação significativa por parte dos moradores do bairro, que entraram em confronto com a polícia, chegando a incendiar madeiras e um veículo. As forças policiais tiveram que intervir usando balas de borracha para controlar os manifestantes.
Em dezembro de 2016, a Polícia Civil do Amazonas concluiu o inquérito e, com base em evidências de material genético das vítimas, confirmou que o trio havia sido assassinado, implicando os policiais no caso. No entanto, sete anos após o crime, os corpos das vítimas permanecem sem serem encontrados, deixando uma sombra de mistério e tristeza sobre a comunidade.