Em evento da Petrobras, presidente rebateu desgaste político, defendeu justiça tributária e sinalizou candidatura à reeleição em 2026.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reagiu na sexta-feira (4) às pressões e críticas sobre a condução de seu governo, desafiando opositores e reforçando sua disposição para permanecer no poder além de 2026. Durante cerimônia na Refinaria Duque de Caxias (Reduc), no Rio de Janeiro, ele afirmou que sua gestão está apenas no início e deixou claro: pretende disputar um quarto mandato.
“Só tenho um ano e meio de mandato. Tem gente pensando que o governo acabou. Mas eles não sabem o que eu estou pensando. Se acontecer tudo que estou pensando, este país vai ter pela primeira vez um presidente eleito quatro vezes”, declarou, arrancando aplausos da plateia formada por trabalhadores da Petrobras e autoridades.
A fala ocorre em meio ao aumento das tensões com o Congresso Nacional e a paralisação de projetos prioritários para o Palácio do Planalto. Sem mencionar diretamente o imbróglio recente envolvendo o IOF, Lula disse que o Executivo tem mantido diálogo com o Legislativo e que a maioria das pautas já foi aprovada. “Quando tem uma divergência, é bom, porque a gente vai, senta e negocia”, minimizou.
Lula também voltou a defender a bandeira da chamada justiça tributária, criticando os “privilégios” de setores mais ricos e lamentando a resistência a mudanças no sistema de impostos. Ele lembrou que sua proposta inicial de elevar a faixa de isenção do Imposto de Renda para quem ganha até cinco salários mínimos precisou ser reduzida para R$ 5 mil devido às limitações políticas. “O que é duro é que as pessoas não querem ceder, quem tem privilégio não quer abrir mão dos privilégios”, afirmou.
O discurso aconteceu no mesmo dia em que o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), suspendeu tanto o decreto do governo que aumentava o IOF quanto a lei aprovada pelo Congresso para derrubá-lo. Moraes marcou para o dia 15 de julho uma audiência de conciliação entre os Poderes antes de decidir se manterá ou não sua decisão liminar.
Ao longo do evento, Lula exaltou indicadores econômicos, como a queda do desemprego e a elevação da renda média, mas voltou a criticar as altas taxas de juros, responsabilizando o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. “Herdamos uma pessoa que tinha uma febre muito alta para aumentar juros, e para curar essa febre demora”, ironizou.
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, reforçou as falas do presidente e defendeu que o Congresso colabore para aprovar medidas de justiça tarifária e tributária. “O presidente só quer ver quem ganha menos pagando menos, e os mais privilegiados contribuindo mais”, disse.
A cerimônia marcou ainda o anúncio de um pacote de investimentos de R$ 33 bilhões em unidades de refino da Petrobras e Braskem até 2029, com estimativa de geração de 38 mil empregos. Além de Silveira, participaram os ministros Esther Dweck (Gestão e Inovação) e Silvio Costa Filho (Portos e Aeroportos).
A mensagem política de Lula, no entanto, dominou o tom do evento: ao projetar um possível quarto mandato, ele deixou claro que não pretende encerrar sua trajetória no Planalto tão cedo.