O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) rompeu uma promessa feita em junho deste ano ao anunciar mudanças no cálculo de reajuste do salário mínimo. A nova fórmula, apresentada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, limita o aumento a 2,5% acima do INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), deixando de incluir o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) dos dois anos anteriores.
Ajuste para contenção de gastos
A alteração faz parte do pacote fiscal do governo, que busca reduzir despesas e melhorar o equilíbrio das contas públicas. Atualmente, o modelo vigente combina a inflação acumulada com o desempenho econômico, garantindo que o salário mínimo acompanhe tanto o custo de vida quanto o crescimento do país. Com a mudança, o reajuste passa a ter foco exclusivo na inflação e em um percentual fixo, excluindo parte dos ganhos econômicos.
Contradição com discurso anterior
Em entrevista ao portal UOL, em junho, Lula foi categórico ao descartar qualquer modificação no cálculo do salário mínimo: “Garanto que o salário mínimo não será mexido enquanto eu for presidente da República. Eu não posso penalizar a pessoa que ganha menos.”
A nova proposta contraria esse posicionamento e pode impactar milhões de brasileiros que dependem do salário mínimo, reduzindo o potencial de ganho real nos próximos anos. Para críticos, a medida enfraquece o discurso de valorização do trabalhador e sinaliza uma concessão à pressão fiscal.
Impactos para os trabalhadores
Sem a participação do crescimento do PIB no cálculo, os reajustes do salário mínimo devem ser mais modestos, o que pode afetar o poder de compra e a qualidade de vida de trabalhadores de baixa renda. A medida, segundo especialistas, é um reflexo do desafio de equilibrar as contas públicas sem comprometer os compromissos assumidos com a população.