Presidente quer acomodar atual ministro Márcio Macedo na cúpula do partido antes de liberar o cargo para Boulos.
A tão especulada ida de Guilherme Boulos (PSOL-SP) para o ministério de Lula ganhou um freio estratégico. O deputado, cotado para a Secretaria-Geral da Presidência desde maio, só deve ser nomeado após as eleições internas do PT, marcadas para 6 de julho.
O motivo do adiamento é a situação do atual titular da pasta, Márcio Macedo, petista de confiança do presidente. Lula trabalha para realocar Macedo em um cargo de relevância na nova direção partidária. Primeiro, tentou fazê-lo tesoureiro nacional do PT, mas a atual ocupante, Gleide Andrade, deve continuar no posto após um acordo interno.
Agora, o plano é que Macedo assuma uma das vice-presidências nacionais do partido, com papel estratégico para articular a campanha de reeleição de Lula no Nordeste em 2026. A alternativa de transferi-lo para a presidência do Ibama também foi cogitada, mas vetada pela ministra Marina Silva, que resiste a interferências políticas no órgão em meio à disputa sobre a exploração de petróleo na Margem Equatorial.
Enquanto isso, Boulos aguarda. Segundo aliados, o deputado estaria disposto até a abrir mão da reeleição em 2026 para integrar o governo. Internamente, ele se queixa do “apagamento” de seu mandato na Câmara, sobretudo após as eleições municipais em São Paulo, onde não teve o protagonismo esperado.
Eleito com mais de 1 milhão de votos em 2022, Boulos enfrenta agora o dilema entre esperar a movimentação interna do PT ou buscar outra rota de visibilidade. No Planalto, sua entrada no governo já é dada como certa — só falta Lula definir onde colocar quem ainda está no caminho.