No centro de um debate acalorado sobre os impactos da pavimentação na Amazônia, o senador Plínio Valério (PSDB-AM) disparou críticas ácidas contra cientistas brasileiros. Em sua intervenção no plenário do Senado Federal na quarta-feira (21), Valério rotulou os pesquisadores de “imbecis, babacas e cientistas de bosta”, em reação a um estudo que alertava para os riscos de disseminação de doenças decorrentes do reasfaltamento de trechos da BR-319, que liga Manaus a Porto Velho/RO.
Ao rejeitar as conclusões dos cientistas, o senador argumentou que a rodovia já está em funcionamento e que não haveria derrubada de árvores adicionais com a pavimentação. Ele expressou seu descontentamento com o que considera como uma caracterização negativa da Amazônia, mencionando que a região já foi alvo de previsões catastróficas infundadas no passado.
O estudo, conduzido pelos pesquisadores Lucas Ferrante, da Ufam, e Guilherme Becker, da Universidade da Pensilvânia, destacou os potenciais danos ambientais e de saúde pública associados ao projeto de asfaltamento. Ferrante alertou sobre os riscos de aumento da perda de biodiversidade e de surgimento de novas pandemias, ressaltando a importância de preservar o ecossistema amazônico.
As declarações de Plínio Valério desencadearam críticas e preocupações entre a comunidade científica e ambientalista. O senador, que presidiu a CPI das ONGs, reiterou sua promessa de renunciar caso uma árvore seja derrubada durante o processo de pavimentação.
O debate em torno da pavimentação da BR-319 não se limita apenas ao Senado. O Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia (INPA) e outros especialistas têm alertado sobre os potenciais impactos negativos do projeto. Apesar das polêmicas e das tensões, o Ministério Público Federal determinou o arquivamento do relatório da CPI das ONGs por falta de provas, no mesmo dia do discurso de Valério.