Começa nesta sexta-feira (9) o julgamento da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) e do hacker Walter Delgatti pela suspeita de invasão ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e inserção de documentos falsos, entre eles um mandado de prisão forjado contra o ministro Alexandre de Moraes. A análise está sendo realizada no plenário virtual da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), formato no qual os ministros votam eletronicamente, sem deliberação presencial. O prazo para conclusão é até a próxima sexta-feira (16).
A relatoria do caso está com o ministro Alexandre de Moraes, diretamente envolvido nos fatos alvo da denúncia. Também votam no processo os ministros Luiz Fux, Cristiano Zanin, Flávio Dino e Cármen Lúcia.
Zambelli e Delgatti viraram réus em maio deste ano após a Procuradoria-Geral da República (PGR) apresentar denúncia, acatada pelo STF. Eles são acusados dos crimes de invasão de dispositivo informático e falsidade ideológica.
De acordo com as investigações, a deputada teve um papel central na articulação do ataque. Segundo a denúncia, Zambelli teria “arregimentado” Delgatti, prometendo a ele benefícios em troca da invasão ao sistema do CNJ e da inserção de dados fraudulentos, com o objetivo de “desmoralizar a Justiça brasileira” e obter vantagens políticas.
Entre os documentos falsificados está um mandado de prisão emitido como se tivesse sido assinado pelo próprio Moraes, vítima direta da fraude. A perícia confirmou a invasão e Delgatti teria confessado o crime.
O pagamento pelos serviços prestados pelo hacker, segundo a PGR, foi feito de forma disfarçada, utilizando um intermediário: Jean Hernani, funcionário do gabinete de Zambelli. Embora citado no inquérito, ele não foi denunciado.
O julgamento pode culminar na condenação ou absolvição da deputada e do hacker. Caso condenada, Zambelli poderá enfrentar punições que incluem a perda de mandato e a suspensão de direitos políticos.