O câncer de próstata é o segundo tipo mais comum entre os homens no Brasil, e o diagnóstico precoce é essencial para aumentar as chances de cura. Entre os principais fatores de risco estão a idade (acima de 60 anos), histórico familiar, herança genética e ser negro. Para esses grupos, o rastreamento por meio de exames específicos pode ser decisivo para detectar a doença em estágios iniciais.
O rastreamento consiste em exames clínicos, como o toque retal, e laboratoriais, como a dosagem do PSA (antígeno prostático específico) no sangue. Níveis elevados de PSA podem indicar problemas na próstata, incluindo o câncer. Em alguns casos, exames complementares, como ultrassonografia e ressonância magnética, também são realizados.
Segundo o urologista Charles Kelson Aquino, homens a partir de 50 anos devem realizar consultas regulares para avaliação da próstata. Para aqueles com maior risco, como negros ou com histórico familiar da doença, a recomendação é iniciar o rastreamento aos 45 anos.
Divergências sobre o rastreamento universal
Embora as sociedades brasileiras de Urologia (SBU), Oncologia Clínica (SBOC) e Radioterapia (SBRT) defendam a avaliação individualizada, o Ministério da Saúde e a Organização Mundial da Saúde (OMS) não recomendam o rastreamento para a população geral assintomática, considerando a falta de evidências de que ele traga mais benefícios do que riscos.
Essa orientação é baseada em estudos internacionais, como os dos Estados Unidos, onde muitos diagnósticos são feitos em estágios iniciais e localizados, com menor impacto na mortalidade. Contudo, especialistas apontam que a realidade brasileira é diferente. Bruno Benigno, urologista e oncologista do Hospital Oswaldo Cruz, ressalta que cerca de 30% a 35% dos pacientes no Brasil descobrem a doença em estágio avançado.
“Não rastrear a população geral pode aumentar o número de casos avançados, que seriam evitáveis com um programa mais amplo”, alerta Benigno. Ele lembra que, nos Estados Unidos, as diretrizes foram atualizadas para sugerir que homens entre 55 e 69 anos discutam com seus médicos os potenciais riscos e benefícios do rastreamento.
Os riscos do câncer avançado
O câncer de próstata em estágio avançado pode causar dores intensas, dificuldades urinárias, sangramento e comprometimento de órgãos próximos, além de metástases, que agravam o quadro. “O fim da vida de um paciente com câncer terminal é muitas vezes doloroso, um processo lento e sofrido para ele e para a família”, observa Aquino.
Já o diagnóstico precoce, feito em estágios iniciais, reduz as chances de sequelas causadas pelo tratamento, como incontinência urinária e impotência sexual, e melhora significativamente as taxas de cura.
Saúde integral do homem
Além de prevenir o câncer de próstata, consultas regulares com o urologista promovem uma avaliação completa da saúde masculina. Alimentação, atividade física, qualidade do sono e outros aspectos são discutidos, reforçando a importância de campanhas de conscientização e rastreamento.
“Manter as consultas é importante não apenas para a próstata, mas para a saúde geral do homem. É um momento de cuidado integral”, finaliza Benigno.
Quando considerar o rastreamento?
Homens devem conversar com seus médicos sobre a necessidade do rastreamento, considerando os fatores de risco, sintomas e histórico familiar. Independentemente das divergências, o diagnóstico precoce salva vidas e diminui o impacto da doença.