Cerca de 15% da população mundial enfrenta dores de cabeça persistentes, e parte desse desconforto é atribuída às taças de vinho. Algumas cefaleias são desencadeadas por substâncias presentes na bebida.
Segundo o biólogo Manuel Peinado Lorca, ex-reitor da Universidade Alcalá, da Espanha, o consumo de bebidas alcoólicas, especialmente do vinho tinto, é uma das causas mais comuns de dores de cabeça, podendo ocorrer em dois tipos: primária e atrasada. Ambas podem perdurar até três dias, com a primária começando em até três horas após a ingestão e a tardia entre cinco e doze horas.
Lorca explica que as dores de cabeça desencadeadas pelo vinho tinto resultam das reações do corpo aos flavonoides ou aos taninos, sendo a quercetina uma das principais culpadas entre os flavonoides.
A quercetina, encontrada em concentrações até 10 vezes maiores no vinho tinto em comparação com o branco, é metabolizada pelo corpo como uma toxina e eliminada na urina. O problema surge quando a quercetina, combinada com o álcool, converte-se em glicuronídeo de quercetina na corrente sanguínea, retardando o metabolismo do álcool e prolongando a intoxicação em até 50%.
Por que algumas pessoas não se intoxicam ao beber vinho tinto?
Lorca aponta que a variação do componente em diferentes tipos de vinho, a presença de enzimas específicas no organismo e a concentração de outros componentes são fatores que influenciam na reação individual, ainda em estudo pela pesquisa científica.