No Brasil, um cenário alarmante está se desenrolando: um a cada três hipertensos não está ciente de sua condição. Essa doença afeta aproximadamente 50 milhões de brasileiros, o que representa cerca de 45% dos adultos entre 30 e 79 anos e pode atingir até 65% dos idosos com mais de 60 anos. No entanto, apenas um terço desses pacientes está recebendo o tratamento adequado, de acordo com um relatório recente da Organização Mundial da Saúde (OMS).
A hipertensão é uma condição caracterizada pela elevação persistente da pressão arterial, onde a pressão sistólica (máxima) supera 140 mmHg e a pressão diastólica (mínima) excede 90 mmHg. Seu desenvolvimento é influenciado por fatores genéticos, ambientais e sociais.
O subdiagnóstico dessa condição está relacionado principalmente ao fato de que ela é assintomática, e a população tem pouco conhecimento dos riscos associados à falta de controle adequado. A falta de controle adequado da hipertensão pode levar a lesões nos órgãos-alvo e, consequentemente, aumentar o risco de infartos, Acidentes Vasculares Cerebrais (AVCs) e morte, como explicam os especialistas.
Além disso, fatores socioeconômicos, como baixa escolaridade e renda, juntamente com o consumo excessivo de sal e abuso de álcool, desempenham um papel crucial nesse problema. A hipertensão, quando não tratada, provoca alterações funcionais e estruturais em órgãos como o coração, o cérebro e os rins, aumentando o risco de infartos, derrames, insuficiência cardíaca e morte. Na verdade, é o principal fator de risco modificável para doenças cardiovasculares e doença renal crônica.
Para combater esse problema, a Sociedade Brasileira de Cardiologia recomenda que a pressão arterial seja rotineiramente medida em consultas médicas de qualquer especialidade. O diagnóstico é estabelecido quando há alterações em duas avaliações feitas corretamente em pelo menos duas ocasiões diferentes. Além disso, a realização de exames fora do consultório, como o Monitorização Ambulatorial da Pressão Arterial (MAPA), pode ser aconselhável para monitorar os valores ao longo de 24 horas.
Depois do diagnóstico, são necessários exames adicionais para rastrear lesões em órgãos-alvo, como o coração, o cérebro e os rins. As metas e o tratamento, incluindo o uso de medicamentos, variam de acordo com a idade e os fatores de risco de cada paciente. Em muitos casos, a hipertensão pode ser controlada apenas com mudanças no estilo de vida.
No entanto, os especialistas alertam que o controle da pressão arterial exige um alto grau de compromisso com a mudança de estilo de vida e adesão ao tratamento. Muitas pessoas só procuram um médico quando surgem complicações, o que é um erro. Doenças cardiovasculares são a principal causa de morte em todo o mundo, e a hipertensão está ligada a quase metade dessas mortes no Brasil. Portanto, fazer check-ups regulares permite a identificação precoce de problemas de saúde e a adoção de medidas preventivas. A avaliação em consultório, com exames de laboratório e de imagem, ajuda a avaliar também a saúde dos órgãos-alvo, planejando a conduta com base em um sistema de pontos que considera diversos fatores, como idade, sexo, antecedentes familiares e condições médicas, incluindo a hipertensão.