A oposição está se preparando para protocolar um pedido de impeachment do ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, em decorrência das reuniões realizadas por Luciane Farias, conhecida como a “Dama do Tráfico” do Amazonas, nas dependências do ministério. Luciane Farias é a esposa do líder do Comando Vermelho (CV), Clemilson Farias, também conhecido como Tio Patinhas, que está cumprindo uma sentença de 31 anos de prisão.
Ela foi condenada por lavagem de dinheiro, associação para o tráfico e organização criminosa, porém, responde em liberdade. As reuniões de Luciane Farias no Ministério da Justiça com dois diretores e dois secretários levantaram sérias preocupações entre os opositores do governo.
Carlos Jordy, líder da oposição na Câmara, afirma: “Não é uma suspeita. É um fato. A primeira-dama do tráfico foi recebida no Ministério da Justiça. Isso reforça a suspeita que sempre tivemos de que é impossível entrar na Maré, da forma como Dino entrou, sem um acerto com o tráfico de drogas.”
A grande incógnita entre os opositores é se o pedido de impeachment será apresentado antes ou depois de Flávio Dino ser convocado para prestar esclarecimentos no Congresso Nacional. Alguns argumentam que o ministro deve ser ouvido antes que o pedido seja protocolado, enquanto outros consideram que ouvir seu depoimento seria uma “perda de tempo”.
Flávio Dino, em sua defesa, afirmou que não tinha conhecimento de que Luciane Farias havia sido recebida na pasta: “Nunca recebi, em audiência no Ministério da Justiça, líder de facção criminosa, ou esposa, ou parente, ou vizinho. De modo absurdo, simplesmente inventam a minha presença em uma audiência que NÃO SE REALIZOU em meu gabinete.”
Posteriormente, Dino delegou ao secretário de Assuntos Legislativos, Elias Vaz, a responsabilidade de explicar à imprensa a visita de Luciane Farias ao ministério.
Em uma posição oficial, o Ministério da Justiça e Segurança Pública explicou que a reunião realizada no dia 16 de março foi solicitada pela Anacrim (Associação Nacional da Advocacia Criminal) e contou com a presença de várias advogadas, não sendo a cidadã mencionada no pedido de nota a requerente da audiência. A Anacrim, que solicitou a agenda, foi orientada a pedir uma reunião na Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen), uma vez que o assunto não estava relacionado à pasta. A agenda na Senappen ocorreu em 2 de maio e envolveu reivindicações da Anacrim. O ministério alegou que não houve qualquer outro desenvolvimento do tema e esclareceu que a detecção prévia da situação da acompanhante de Luciane Farias era impossível devido à solicitação da audiência pela entidade de advogados e não pela cidadã mencionada. Todas as pessoas que entram no Ministério da Justiça e Segurança Pública passam por cadastro na recepção e pelo detector de metais.