O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) surpreendeu ao oferecer o “inquérito completo” da Polícia Federal (PF) sobre as urnas eletrônicas a seus ministros e a qualquer interessado. Esse inquérito, mantido em sigilo, teve seu vazamento como ponto de partida para uma investigação que culminou em revelações chocantes, inclusive envolvendo o tenente-coronel Mauro Cid, ex-chefe da ajudância de ordem da Presidência.
Durante uma reunião com ministros em 5 de julho, Bolsonaro afirmou: “Eu tenho o documento aqui (o inquérito sigiloso da PF). Quem quiser, só pedir para mim. Não pede para o ajudante de ordem, pode pedir para mim que eu entrego o inquérito todo”.
O vídeo dessa reunião foi encontrado em um computador apreendido na residência de Cid e veio à tona após uma investigação da PF, que resultou em uma operação realizada nesta quinta-feira (8/2), com a execução de mandados de prisão e busca contra pessoas próximas a Bolsonaro, supostamente envolvidas em uma tentativa de golpe.
O documento vazado tratava de um ataque hacker ao sistema do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e foi entregue a Bolsonaro por intermédio de Cid. O ex-presidente utilizava o inquérito como base para questionar a integridade das urnas eletrônicas.
Entretanto, o delegado responsável pelo caso negou ter encontrado evidências de fraude nas urnas. Em agosto de 2021, durante uma transmissão ao vivo, Bolsonaro divulgou o inquérito sigiloso, desencadeando uma investigação sobre o vazamento.
A partir dessa investigação, a PF acabou por descobrir um esquema de mudança no cartão de vacina de Bolsonaro, o desvio de presentes destinados à presidência e a tentativa de golpe de estado.