A transferência de pelo menos dez presos da cadeia pública de Canutama (a 615 km de Manaus) para unidades prisionais da capital amazonense, nesta quinta-feira (25), provocou tensão e desespero entre familiares. A remoção ocorreu após um princípio de rebelião na unidade, e os detentos transferidos são apontados como líderes do motim.
“Podem ser decapitados lá”, disse, em lágrimas, uma mulher que preferiu não se identificar. O temor compartilhado por diversas famílias é de que os presos, ao chegarem a Manaus, sejam alocados em unidades dominadas por facções rivais, o que aumentaria drasticamente o risco de violência.
Segundo a Secretaria de Administração Penitenciária (Seap), o motim foi rapidamente controlado com apoio da Polícia Militar. Não houve feridos, mas o episódio evidenciou a superlotação e as condições precárias da cadeia pública de Canutama, que abriga presos provisórios e condenados.
A confusão teria começado com um desentendimento entre internos, agravado por reclamações relacionadas à alimentação e à estrutura do presídio. A Seap informou que os detentos transferidos serão redistribuídos em unidades da capital, e que um procedimento administrativo foi aberto para apurar o caso.
A operação de remoção contou com reforço logístico da Secretaria de Segurança Pública do Amazonas (SSP-AM) e da Polícia Militar. O objetivo, segundo o governo, foi evitar novos confrontos e restabelecer a ordem na unidade.
Do lado de fora, porém, o clima é de apreensão. Familiares dos presos dizem que não foram informados previamente sobre a transferência e denunciam a falta de assistência e transparência no processo. “Eles erraram, mas ainda são seres humanos. A gente só quer que sejam tratados com dignidade”, afirmou outra parente.
A Defensoria Pública do Estado acompanha o caso e deve solicitar informações oficiais sobre as condições de transferência e permanência dos detentos em Manaus.