O pastor Pio de Carvalho, líder da igreja Comunhão Cristã Abba, em Curitiba, Paraná, gerou grande polêmica ao fazer uma declaração considerada ofensiva sobre o transtorno do espectro autista (TEA). Durante um culto transmitido ao vivo no dia 13 de outubro, ele associou o autismo a um “espírito maligno”, provocando forte reação de internautas, profissionais da saúde e famílias de pessoas autistas.
A controvérsia começou quando Pio de Carvalho relatou uma conversa com uma educadora que trabalha com crianças com necessidades especiais. Segundo o pastor, a profissional sugeriu a criação de uma classe especial para essas crianças na igreja. Em resposta, o pastor recomendou o uso de óleo e orações como solução, sugerindo que o autismo estaria ligado a uma questão espiritual.
“Eu disse a ela: ‘posso dar uma sugestão? Quando essas crianças entrarem na sala, passe óleo na cabeça delas e ore: Espírito maligno, sai dele agora, em nome de Jesus’”, afirmou Pio de Carvalho durante o culto. A fala rapidamente se espalhou pelas redes sociais, recebendo críticas severas de profissionais da área de saúde, defensores dos direitos das pessoas com deficiência e familiares de crianças com TEA. Eles destacaram o perigo de perpetuar estigmas em torno do autismo e a necessidade de um discurso informado e respeitoso.
Diante da pressão e das críticas, o pastor emitiu uma nota pública de retratação, pedindo desculpas pelo comentário. Na nota, ele reconheceu não ter formação médica ou psicológica para falar sobre o autismo e esclareceu que suas intenções eram espirituais, não desrespeitosas.
“Minha fala se referia a um entendimento espiritual das dificuldades enfrentadas por algumas famílias, mas em nenhum momento quis desconsiderar a importância do acompanhamento profissional”, disse Pio de Carvalho. Ele reforçou que suas sugestões de orações eram para oferecer apoio espiritual e não um substituto para o tratamento médico.
Ainda assim, a declaração gerou um importante debate sobre como líderes religiosos abordam questões de saúde pública e a necessidade de cuidado ao tratar de temas que afetam diretamente a vida de pessoas vulneráveis. O episódio destacou a urgência de combater a desinformação e promover o respeito e a empatia no discurso público sobre o TEA.