A partir da semana que vem, uma onda de publicidade favorável ao governo de Jair Bolsonaro (PL) vai invadir a programação noturna das emissoras de rádio e tevê, com o início da propaganda partidária obrigatória dos dois principais partidos da base do presidente, PL e PP. Como cada legenda tem direito a 20 minutos de exposição, serão veiculadas 80 inserções de 30 segundos cada, entre 26 de abril e 11 de junho, feitas sob medida para melhorar a imagem do chefe do Executivo, que disputará a reeleição em outubro.
O roteiro das peças dos dois partidos está sob responsabilidade do publicitário Duda Lima, que vai ser o marqueteiro da campanha de Bolsonaro. O site correio apurou que a ideia é dar uma linha comum aos programas partidários das legendas da base, incluindo o Republicanos, destacando as realizações do governo e os programas sociais voltados à população de baixa renda. Lima já atuava como marqueteiro do PL nas campanhas do presidente da sigla, Valdemar Costa Neto, em São Paulo.
A propaganda partidária havia sido extinta em 2017, mas ressuscitou neste ano depois de uma alteração na Lei dos Partidos Políticos, sancionada em janeiro. Pelas novas regras da legislação eleitoral, o espaço deve ser voltado à divulgação de programas partidários e à atração de novas filiações. Mas as siglas que formam a maior parte do Centrão pretendem turbinar os reclames com muitas imagens de obras e inaugurações, além de gráficos sobre ações do governo.
Apesar de a legislação eleitoral vedar, neste momento, a propaganda de pré-candidatos, Bolsonaro terá um tempo generoso nas peças partidárias, justamente por causa do cargo que ocupa. As legendas também vão aproveitar para defender pautas conservadoras e de costumes, além de criticar gestões anteriores do PT, como forma de atingir a pré-candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o principal adversário de Bolsonaro até agora, de acordo com as pesquisas.
A série de programas do PP e do PL vai ser exibida em um período estratégico para o presidente, que comemora recuperação nas pesquisas de intenção de votos e planeja anunciar novas medidas do chamado “pacote de bondades” para melhorar sua imagem. Também servirá de contraponto à propaganda do PT, que ainda está no ar e tem Lula como principal apresentador — a última inserção está programada para o próximo sábado.
“Bolsonaro vai poder mostrar tudo o que ele fez e vem fazendo pela população brasileira. Essa é, também, uma chance de ele se mostrar para outros públicos, além da base bolsonarista”, disse ao Correio o deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ). “O Brasil verá a diferença das realizações transformadoras do governo Bolsonaro para a roubalheira da era do PT.”
Críticas a Lula
Nos últimos dias, o presidente do PP e ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, tem usado as redes sociais para fustigar Lula. Ontem, em uma série de postagens no Twitter, elegeu como alvo a proposta do petista de revogar a reforma trabalhista aprovada no governo Michel Temer.
“Não é volta ao passado. É volta ao atraso”, escreveu Nogueira. “O PT não quer revogar a reforma trabalhista para criar empregos para o povo brasileiro. Quer é criar empregos para os sindicalistas, que ficaram desempregados com o fim do imposto sindical, um avanço da reforma trabalhista que Lula e o PT querem destruir”, acrescentou.
Na semana passada, ele já havia postado trechos de declarações do ex-governador paulista Geraldo Alckmin da época em que disputou a Presidência pelo PSDB, com críticas duras ao PT e a Lula. Irônico, o ministro disse que Alckmin é “o melhor cabo eleitoral de Bolsonaro”.
Novo número
Com relação ao PL, haverá mais dois elementos importantes nas peças publicitárias que estão sendo preparadas. A legenda vai dar destaque ao número 22, que identifica o partido na urna eletrônica. A estratégia é deixar bem claro que esse é o novo número de Bolsonaro, e não o 17, do antigo PSL, sigla pela qual se elegeu em 2018. Neste ano, o PSL fundiu-se com o DEM para formar o União Brasil, que não integra a base de apoio do governo.
A outra preocupação do PL é com as finanças. O presidente da legenda, Valdemar Costa Neto, está prevendo custos bem elevados na campanha para reeleição de Bolsonaro. A sigla — hoje a maior da Câmara — terá direito a parte do Fundo Eleitoral com base na bancada eleita em 2018, e não na formação atual, inchada após o fechamento da janela partidária.
Por isso, a propaganda também vai estimular a doação individual dos apoiadores de Bolsonaro, para fazer frente às elevadas despesas de uma campanha em que o principal candidato permanece no cargo de presidente. “São R$ 17 mil por hora, e ele vai ter de usar avião todo dia”, disse Costa Neto, em um evento do PL, há duas semanas, ao citar como exemplo o uso obrigatório da aeronave da Presidência, que deve ter seus custos bancados pelo partido quando o chefe do Executivo estiver em campanha. “Vamos precisar arrecadar”, alertou.
Fonte: Correio Braziliense