No último sábado (11), em um evento com apoiadores e lideranças, o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, fez uma declaração polêmica ao sugerir que tropas brasileiras poderiam ser utilizadas para “libertar” Porto Rico do controle dos Estados Unidos. A menção foi feita em um discurso que exaltava sua visão de “libertação” na América Latina, associando sua estratégia a ideais da escritora Simone de Beauvoir.
“Assim como no Norte eles têm uma agenda de colonização, nós temos uma agenda de liberação. E essa agenda foi escrita por Simone de Beauvoir”, afirmou Maduro, indicando que sua retórica de resistência ao que chama de imperialismo norte-americano passa por alianças regionais.
O líder venezuelano foi além ao mencionar diretamente o Brasil: “Conseguiremos a liberdade de Porto Rico contra os americanos com as tropas do Brasil. E Abreu e Lima irá à frente. Batalhão Abreu e Lima para libertar Porto Rico”, disse, em referência ao batalhão histórico brasileiro que participou de lutas pela independência na América Latina.
A presença de representantes do governo brasileiro na cerimônia de posse onde a declaração foi feita gerou críticas intensas de opositores no Brasil, que acusam o governo de Luiz Inácio Lula da Silva de manter proximidade com regimes autoritários. A repercussão internacional também foi imediata, com países e analistas políticos condenando a retórica belicosa de Maduro e cobrando um posicionamento do Brasil.
Até o momento, nem o Palácio do Planalto nem o Itamaraty se manifestaram oficialmente sobre as declarações do presidente venezuelano. A ausência de resposta reforça as críticas ao governo brasileiro por parte de opositores, que enxergam na relação com Maduro um potencial enfraquecimento da posição do Brasil em questões democráticas e de direitos humanos na região.
Especialistas apontam que a declaração de Maduro, ainda que possivelmente simbólica, aumenta tensões geopolíticas e pode ter implicações nas relações entre os países da América Latina e os Estados Unidos. Além disso, o episódio reforça o alerta sobre o papel que o Brasil desempenha em um cenário político regional cada vez mais complexo.