Refugiados que deixam a Ucrânia após a invasão russa continuaram a cruzar suas fronteiras ocidentais neste sábado (26), com cerca de 100 mil chegando à Polônia em dois dias. Eles encontraram refúgio temporário em pavilhões esportivos e estações de trem.
Enquanto as forças russas lançavam ataques coordenados com mísseis de cruzeiro e artilharia em várias cidades, incluindo a capital Kiev, famílias temerosas lotavam as fronteiras da União Europeia na esperança de entrar na Polônia, Eslováquia, Romênia e Hungria.
Na cidade fronteiriça húngara de Beregsurany, Ilona Varga, de 69 anos, entrou na União Europeia a pé, deixando para trás sua casa e loja. Ela espera poder voltar em breve.
“Meus filhos estão me dizendo para ir para a Hungria de vez, e eles estão certos”, disse Varga. “Mas é tão difícil deixar tudo para trás. Nasci aqui, cresci aqui, tenho meu trabalho aqui, tudo me amarra aqui.”
Na Polônia, que tem a maior comunidade ucraniana da região, com cerca de 1 milhão de pessoas, mais 9 mil refugiados cruzaram a fronteira desde as 7h de sábado, disse o vice-ministro do Interior, Pawel Szefernaker, em entrevista coletiva.
Em Medyka, no sul polonês, a cerca de 85 quilômetros de Lviv, no oeste da Ucrânia, milhares de ucranianos esperavam que as autoridades os processassem como refugiados.
“Cheguei hoje às 3 da manhã e estou esperando minha esposa”, disse Taras, 25, à Reuters no lado polonês da travessia. “Ela me ligou do lado ucraniano e há uma fila de 30 quilômetros de carros e pessoas. Ela disse que não sabe quando vai atravessar.”
As ferrovias tchecas enviaram trens especiais que chegaram na madrugada de sábado à fronteira polonesa transportando ucranianos que vivem na República Tcheca para encontrar familiares que escaparam da guerra.
Na cidade fronteiriça eslovaca de Ubla, as autoridades colocaram refugiados em um ginásio local onde camas dobráveis e colchões de ar enchiam uma quadra de basquete. Os voluntários distribuíram sanduíches enquanto as crianças riam e brincavam com os bichos de pelúcia doados.
“Chegamos à fronteira de táxi e vamos a Praga para encontrar meu marido, em segurança”, disse Miroslava Krackovska no centro de recepção.
Uma mulher se engasgou e enxugou as lágrimas ao ver notícias em seu celular, passando o telefone rapidamente para a mulher ao lado dela.
Dois ônibus, transportando búlgaros étnicos de Odessa, chegaram na manhã de sábado à Bulgária, e um terceiro estava a caminho. A Bulgária enviou outros quatro ônibus para Kiev para evacuar cidadãos de sua minoria de 250.000 pessoas na Ucrânia.
Uma mulher ucraniana casada com um búlgaro descreveu o bombardeio em sua cidade, e outra contou sua luta para fugir.
“Durante dois dias ficamos sentados em nossa bagagem, escondidos nos banheiros”, disse Tanya Mitova, uma búlgara étnica, ao canal nacional BNT logo depois de chegar à vila de Durankulak, no nordeste, perto da fronteira com a Romênia.
“Houve bombardeios, aviões estavam voando, foi muito assustador.”
Fonte: CNN Brasil