O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) negou nesta sexta-feira (22), em entrevista à revista Veja, qualquer envolvimento em um suposto plano para assassinar autoridades, incluindo o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes. “Discutir comigo um plano para matar alguém, isso nunca aconteceu”, afirmou.
A declaração foi divulgada um dia após Bolsonaro ser indiciado pela Polícia Federal (PF), juntamente com outras 36 pessoas, por tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022, que culminaram na derrota dele para Lula. A entrevista foi realizada por videoconferência na quarta-feira (20), um dia depois de uma operação da PF prender quatro militares e um policial federal supostamente envolvidos no caso.
Segundo a investigação da PF, um documento contendo o plano para matar as autoridades foi impresso no Palácio do Planalto em 9 de novembro de 2022 e posteriormente levado ao Palácio da Alvorada, residência oficial do presidente à época. Bolsonaro, no entanto, afirmou desconhecer o documento e negou compactuar com qualquer estratégia golpista.
“Na Presidência, havia cerca de 3.000 pessoas trabalhando. Se alguém decide bolar algo, o que eu tenho a ver com isso?”, questionou o ex-presidente. Ele também reiterou que, quando abordado sobre ações para reverter o resultado eleitoral, as discussões giravam em torno de instrumentos constitucionais, como o estado de sítio.
O estado de sítio, explicou Bolsonaro, é uma medida excepcional que depende de aprovação do Congresso Nacional e permite a suspensão de garantias individuais em casos de grave comoção nacional. “Sempre que falavam comigo, era nesse contexto, algo dentro da Constituição”, destacou.
Críticas a Alexandre de Moraes
Após o indiciamento, Bolsonaro usou suas redes sociais para criticar a condução do caso pelo ministro Alexandre de Moraes, a quem acusou de agir fora dos limites legais. “Moraes conduz todo o inquérito, ajusta depoimentos, prende sem denúncia, faz pesca probatória e tem uma assessoria bastante criativa. Faz tudo o que a lei não permite”, escreveu.
O ex-presidente, que acompanhava as atualizações do caso com aliados na casa do ex-ministro Gilson Machado, em Alagoas, segue sendo um dos principais alvos das investigações sobre os atos golpistas e a tentativa de desestabilizar o processo democrático no país.