O ex-procurador da Lava Jato, Deltan Dallagnol, em entrevista à Folha de S.Paulo, afirmou que as recentes mensagens divulgadas pelo próprio jornal, revelando práticas não-oficiais do ministro Alexandre de Moraes para investigar aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro, são motivo suficiente para o impeachment do magistrado do Supremo Tribunal Federal.
Dallagnol considerou o caso “mil vezes pior” do que as conversas vazadas em 2019 entre promotores e o ex-juiz Sergio Moro, conhecidas como Vaza Jato. “Se na Lava Jato alegavam erroneamente um suposto conluio entre juiz e procurador, neste caso, a situação é muito mais grave, não apenas porque existia uma colaboração comprovada, mas porque juiz e procurador eram a mesma pessoa”, declarou Dallagnol ao Painel.
O ex-procurador destacou que as mensagens revelam que o ministro Moraes atuou simultaneamente como investigador, procurador e juiz, utilizando a Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para solicitar relatórios que guiassem suas decisões. Segundo Dallagnol, essa prática pode ser caracterizada como falsidade ideológica, uma vez que a iniciativa do ministro teria sido ocultada ou disfarçada.
Além disso, Dallagnol acusou Moraes de usurpar a função do procurador-geral da República, o que, segundo ele, compromete a imparcialidade do ministro em inquéritos contra aliados de Bolsonaro. Para Dallagnol, essas ações tornam imprescindível o impedimento de Alexandre de Moraes para continuar à frente desses processos.