Levantamento obtido pelo jornal O Globo via Lei de Acesso à Informação (LAI) revela que o Brasil acumulou um prejuízo de R$ 1,75 bilhão com vacinas vencidas nos últimos dois anos. Trata-se do maior desperdício desde 2008, durante o segundo mandato de Lula, quando o descarte de imunizantes custou R$ 1,96 bilhão aos cofres públicos.
De acordo com o relatório, o desperdício registrado seria suficiente para comprar 6 mil ambulâncias para o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) ou 101 milhões de canetas de insulina, item que esteve em falta nos postos de saúde no início deste ano.
O impacto de 2023 foi particularmente elevado: 39,8 milhões de doses inutilizadas geraram um prejuízo de R$ 1,17 bilhão. Até agora, em 2024, mais 18,8 milhões de doses foram descartadas, totalizando R$ 560,6 milhões. No acumulado, o governo atual perdeu 58 milhões de vacinas, quantidade que supera as doses aplicadas no período, o que representa um aumento de 176% no descarte.
Em resposta, o Ministério da Saúde apontou que a perda de vacinas se deve ao acúmulo de estoques herdados da gestão anterior e à desinformação, que teria alimentado a hesitação da população. Contudo, a pasta não forneceu dados que comprovem essa afirmação. A situação reabre o debate sobre a necessidade de uma estratégia mais efetiva na gestão de vacinas para evitar que novos prejuízos prejudiquem a imunização no país.