O prestigiado jornal francês Le Monde publicou na quinta-feira (25) uma matéria abordando as acusações dirigidas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre sua suposta inação frente aos assassinatos de indígenas no Brasil. A reportagem dá voz a representantes indígenas e ao Conselho Indigenista Missionário (CIMI), que classificam a atuação do governo como “inerte e cúmplice”.
De acordo com o Le Monde, um relatório do CIMI, divulgado em 22 de julho mas repercutido apenas recentemente, acusa a administração federal atual de “negociar com os genocidas” dos povos indígenas. O documento revela que 208 indígenas foram assassinados no Brasil em 2023, um aumento de 15% em comparação com o ano anterior.
Além dos homicídios, o relatório contabiliza 1.276 casos de “violência ao patrimônio” indígena, como invasões de terras e destruição de propriedades. Também é apontado que 1.040 crianças indígenas faleceram em 2023 devido à falta de cuidados ou desnutrição.
Le Monde destaca que esses dados ultrapassam os números registrados durante a presidência de Jair Bolsonaro (2019-2023). O relatório de 253 páginas denuncia uma “continuidade da violência e das violações contra os povos originários”.
A matéria sublinha que a eleição de Lula foi recebida com grandes esperanças no Brasil, mas que a decepção rapidamente tomou conta dos que esperavam mudanças significativas.