Nesta terça-feira (29/10), o ex-juiz federal e senador Sergio Moro (União Brasil) e o ex-deputado federal Deltan Dallagnol criticaram duramente a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de anular todas as condenações de José Dirceu na Operação Lava Jato. A decisão foi proferida pelo ministro Gilmar Mendes, que já havia apontado suspeição de Moro em processos anteriores, incluindo o de Luiz Inácio Lula da Silva.
A sentença de Mendes zerou todas as penalidades que somavam 23 anos de prisão contra Dirceu, condenado anteriormente por corrupção passiva, recebimento de vantagem indevida e lavagem de dinheiro. Gilmar Mendes argumentou que a Lava Jato teria adotado uma estratégia de condenação de Dirceu para fortalecer as acusações futuras contra Lula.
Em resposta, Moro usou a plataforma X para expressar indignação, afirmando que a decisão é injustificável. “Não existe base convincente para anulação da condenação de José Dirceu na Lava Jato. Além da condenação anterior no Mensalão, ele foi condenado por três instâncias, incluindo o STJ”, ressaltou o senador.
Moro também destacou que, nos processos anteriores, as provas contra Dirceu incluem documentos que comprovam o pagamento de subornos relacionados a contratos da Petrobras. “Segundo esses julgados, há prova documental do pagamento de suborno. Todos esses magistrados estavam de conluio? É uma fantasia”, ironizou, enfatizando que a luta contra a corrupção no Brasil está sendo desmantelada.
Deltan Dallagnol, por sua vez, também publicou no X direcionando suas críticas a Gilmar Mendes, que ele acusa de blindar Dirceu. “O ministro Gilmar Mendes, sempre ele, anulou todas as condenações de José Dirceu na Lava Jato e todos os atos processuais assinados pelo ex-juiz Sergio Moro em relação a Dirceu”, escreveu o ex-procurador.
Dallagnol ainda comparou a situação de Dirceu com a de Debora Rodrigues, presa desde os atos de 8 de janeiro, sugerindo uma discrepância de tratamento por parte do STF. “Enquanto Dirceu retoma seus direitos políticos e é blindado por Gilmar Mendes, Debora Rodrigues, mãe de duas crianças, segue presa”, argumentou Dallagnol, indicando que Debora deveria ter o direito de responder em liberdade.
Ele finalizou de forma sarcástica, declarando que, “graças ao STF, o projeto de ‘recivilizar’ o Brasil está indo de vento em popa”.