O Amazonas registrou 1.521 novos casos do Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV), entre janeiro e julho de 2022. Segundo a Fundação de Vigilância em Saúde (FVS), no mesmo período, o estado ainda teve 394 diagnósticos da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (Aids) – estágio avançado da infecção do vírus (entenda a diferença entre HIV e Aids abaixo).
Comemorado nesta quinta-feira (1º), o Dia Internacional de Luta contra o HIV e a Aids foi criado para promover a prevenção e o tratamento do HIV/Aids. Além de explicar a importância dos cuidados à saúde, a campanha também destaca que é possível viver com HIV com qualidade de vida após o diagnóstico precoce.
Os dados de novos casos de HIV registrados no Amazonas no primeiro semestre deste ano são maiores que os números observados em 2021 e 2020:
- Janeiro a julho de 2022: 1.123 casos;
- Janeiro a julho de 2021: 1.521 casos;
- Janeiro a agosto de 2020: 632 casos.
Entretanto, especialistas destacam que a pandemia da Covid-19, cujos períodos mais críticos ocorreram entre 2020-21, reduziu o volume de busca por testagens e ao fechamento dos Centros de Testagem e Aconselhamento (CTAs) neste biênio, o que consequentemente refletiu na queda de diagnósticos.
Em 2020, a FVS incluiu os dados do mês de agosto, ao divulgar o balanço do primeiro semestre daquele ano.
Diferença entre HIV e Aids
Viver com o HIV é diferente de ter Aids. HIV é um vírus que ataca principalmente células do sistema de defesa chamadas CD4 e torna o ser humano mais vulnerável a outros vírus, bactérias e ao câncer.
No entanto, a maioria das pessoas que têm HIV não têm Aids porque no Brasil o tratamento com remédios chamados antirretrovirais é universal e acessível pelo SUS. As pessoas com HIV e que se tratam têm a mesma expectativa de vida das pessoas que não têm o HIV.
Apenas as que não se tratam ou sofrem algum tipo de problema na terapia não conseguem reduzir essa replicação e desenvolvem Aids, que a síndrome da imunodeficiência adquirida, um conjunto de sinais e sintomas relacionados à falência do sistema de defesa, caracterizada por uma série de infecções oportunistas e câncer.
Mortes
Apesar do avanço da ciência e da eficiência do tratamento com antirretrovirais, a Aids continua causando mortes, embora em número substancialmente menor que o visto até o fim da década de 90.
Segundo a FVS, 261 pessoas morreram no Amazonas em decorrência doença, de janeiro a outubro de 2022. O número é inferior ao registrado no mesmo período do ano passado, quando 290 perderam a vida para a Aids.
De acordo com o infectologista Lécio Vasconcelos, atualmente, só tem risco de vida quem não se trata adequadamente ou quem recebe o diagnóstico tardiamente.
“As pessoas que têm o HIV hoje têm tratamento muito eficaz, condições de ter uma vida normal e viver muitos anos. Apesar dos problemas psicológicos, o tratamento melhorou muito, está muito simplificado. Com certeza, as pessoas diagnosticadas com o HIV têm a mesma expectativa de vida das outras pessoas. Mas é fundamental a descoberta precoce e o tratamento feito corretamente”, explicou.
Onde buscar testes e tratamento para HIV/Aids em Manaus?
Tanto os exames quanto o tratamento de uma pessoa que já viva com vírus podem ser realizados de forma gratuita por meio do Sistema Único de Saúde (SUS). Em Manaus, o Fundação de Medicina Tropical (FMT) é referência no atendimento a casos de doenças sexualmente transmissíveis.
Entretanto, os testes também podem ser realizados em qualquer Unidade Básica de Saúde (UBS) da capital.
PrEP e PEP
Nos último anos, a terapia PrEP (Profilaxia Pré-Exposição ao HIV), que, por meio de um comprimido por dia, tem sido utilizada para prevenir a infecção pelo HIV.
O remédio distribuído pelo SUS, no entanto, é reservado para casos específicos dentro de grupos de vulnerabilidade, como profissionais do sexo, pessoas transexuais, casais sorodiferentes – quando apenas um deles possui o vírus – e homens que fazem sexo com homens.
Já a PEP (Profilaxia Pós-Exposição ao HIV), tratamento combinado de três remédios também conhecido como “pílula do dia seguinte do HIV”, também é oferecido pelas unidades públicas de saúde do Amazonas como tratamento após a suspeita de contato com o HIV, como em casos de violência sexual, sexo desprotegido e também para profissionais de saúde que se cortaram com agulhas, bisturis e alicates.
O medicamento deve ser utilizado até 72 horas após a exposição.
Fonte: G1 Amazonas