A interrupção na publicação de dados sobre mortes e doenças na Terra Indígena Yanomami tornou-se mais uma frente de ataque da oposição ao governo Lula. Desde o início deste ano, o Ministério da Saúde não apresenta novos boletins, alimentando questionamentos sobre a transparência na gestão da crise humanitária que afeta a região.
O último relatório divulgado pelo governo, em janeiro de 2024, trouxe dados consolidados até dezembro de 2023. Naquele período, os registros oficiais apontaram um aumento de 5,8% nas mortes em comparação a 2022, totalizando 363 óbitos em 2023. No entanto, a Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) destacou que esses números ainda estavam sujeitos a alterações devido à dificuldade de acesso às comunidades para investigação.
Após a declaração de emergência de saúde pública em fevereiro de 2023, o governo iniciou a divulgação de boletins diários sobre a situação dos yanomamis. Entretanto, essa prática foi gradativamente reduzida: de relatórios diários para semanais, e depois para mensais, até cessar completamente. Segundo o Ministério da Saúde, os dados estão em processo de revisão técnica pela Sesai e pela Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente, mas ainda não há previsão para a retomada da publicação regular.
A oposição critica a falta de transparência e já planeja pressionar o governo no retorno das atividades legislativas, em 2025. Nos bastidores de Brasília, líderes oposicionistas indicam que pretendem transformar a questão dos yanomamis em um dos principais focos de cobrança. Entre as ações previstas está a criação de uma frente parlamentar para investigar os dados e avaliar as políticas implementadas pela terceira gestão Lula.
A redução na visibilidade dos relatórios sobre a situação yanomami preocupa não apenas a oposição, mas também especialistas e organizações que monitoram os direitos indígenas. Para críticos, a ausência de atualizações pode enfraquecer o acompanhamento das ações governamentais e dificultar o enfrentamento dos desafios estruturais na região.
Com a volta do Congresso após o recesso, o governo deve enfrentar novos embates sobre o tema, enquanto promete apresentar um balanço atualizado para amenizar as pressões.