A AstraZeneca disse nesta segunda-feira que seu medicamento Enhertu, desenvolvido para o tratamento contra o câncer, demonstrou ajudar significativamente as mulheres que sofrem de um tipo de tumor de mama que as deixa com opções de tratamento ruins, abrindo as portas para um grupo de pacientes em potencial muito maior.
A farmacêutica, que está trabalhando no medicamento com a empresa japonesa Daiichi Sankyo, disse que o Enhertu prolongou a sobrevida e retardou a progressão do câncer de mama metastático com baixos níveis de uma proteína conhecida como HER2.
A melhora foi “clinicamente significativa” quando comparada com a quimioterapia padrão, disse, acrescentando que os resultados detalhados do estudo em estágio final serão apresentados em uma conferência médica ainda não divulgada.
A empresa disse que entraria em contato com agências reguladoras para permitir uma revisão rápida de um uso mais amplo do medicamento.
Embora o estudo tenha se limitado a pacientes com baixo HER2 cujos tumores se espalharam para outras partes do corpo, os analistas disseram que uma leitura positiva do teste poderia pressagiar o uso futuro em estágios anteriores da doença com potencialmente centenas de milhares de novos pacientes elegíveis por ano.
Há três anos, o Enhertu demonstrou ajudar mulheres com câncer de mama metastático caracterizado por altos níveis de HER2 quando comparado ao Kadcyla, o medicamento da Roche da Suíça — o maior fabricante mundial de medicamentos contra o câncer.
— Trata-se de redefinir a categorização do câncer de mama e aumentar o número de opções para as mulheres — disse Susan Galbraith, chefe de pesquisa e desenvolvimento em oncologia da Astra.
Ela acrescentou que, embora o novo estudo tenha se concentrado em mulheres que esgotaram de três a quatro terapias anteriores, mais ensaios futuros testariam o Enhertu em mulheres durante os estágios iniciais da doença, tanto com HER2 alto quanto baixo, o que seria muito maior grupo de pacientes.
Enhertu pertence a uma classe promissora de terapias chamadas conjugados de drogas de anticorpos (ADC), que são anticorpos projetados que se ligam a células tumorais e, em seguida, liberam substâncias químicas que matam as células.
Isso levou à aprovação inicial do mercado no final de 2019. Uma liberação adicional foi conquistada para o câncer gástrico causado por HER2. A droga também está sendo testada contra outras formas de câncer gástrico, pulmonar e colorretal.
O medicamento Herceptin, estabelecido pela Roche, também é baseado no receptor HER2, mas o Enhertu foi projetado para causar um impacto muito maior na morte de células, de modo que mesmo níveis baixos de HER2 permitam o tratamento.
Fonte: O Globo