O governo Lula acompanha com crescente preocupação a possibilidade de Donald Trump reassumir a presidência dos Estados Unidos. Com as eleições americanas marcadas para esta terça-feira (5), Brasília já se prepara para os impactos que uma vitória republicana poderia trazer, especialmente em questões ambientais, políticas internacionais e relações bilaterais.
Na última sexta-feira (1º), o presidente Lula expressou seu apoio a Kamala Harris e criticou duramente Trump, associando-o ao ressurgimento de ideologias extremistas no cenário global. A apreensão do governo brasileiro não é apenas retórica. As expectativas em torno da visita de Joe Biden ao Brasil para a reunião do G20 em novembro são moderadas, com Lula tentando consolidar parcerias antes de qualquer mudança na Casa Branca.
Entre as maiores preocupações está a agenda climática. O Brasil, que sediará a Conferência do Clima da ONU (COP) em Belém no próximo ano, temia um retrocesso nas políticas ambientais caso Trump volte ao poder. A promessa de Joe Biden de destinar US$ 500 milhões ao Fundo Amazônia ainda enfrenta obstáculos no Congresso americano, mas um retorno de Trump, aliado a uma provável maioria republicana no Senado, poderia enterrar de vez essa iniciativa.
Outro ponto de tensão é a proximidade de Trump com o bilionário Elon Musk, que apoia abertamente o ex-presidente. A influência de Musk em um eventual novo governo Trump é quase certa, o que preocupa o governo brasileiro, já que isso poderia intensificar as críticas e pressões sobre o Brasil, especialmente em temas relacionados à liberdade de expressão e governança digital.
Há também o temor de que uma administração Trump intensifique medidas contra figuras do sistema político e judiciário brasileiro, particularmente o Supremo Tribunal Federal (STF). As ações poderiam incluir sanções como restrições de entrada nos EUA e embargos a membros do governo Lula, agravando ainda mais as relações bilaterais.
O possível retorno de Trump representa um desafio significativo para o governo Lula, que já enfrenta dificuldades em consolidar suas políticas internacionais e ambientais em um cenário global cada vez mais polarizado.